Paradigmas da educação: avaliação em construção da
objetividade a subjetividade.
Manoel
Justino de Jesus Júnior[1]
I
- Introdução.
Muito
se discutiu na nossa turma de Licenciatura em Pedagogia, sobre as avaliações e
suas metodologias aplicadas nas escolas de educação infantil e ensino
fundamental menor, escolas na qual os alunos do curso de pedagogia do Parfor –
Ufpa exerce o seu magistério e cujas vivencias foram socializadas, durante a
ministração da Disciplina Avaliação Educacional. Muitos foram os relatos dos
professores no que concerne à avaliação dos seus alunos, sendo ela uma
avaliação objetiva ou subjetiva, e as expectativas que são presenciadas tanto
por parte dos alunos quanto por parte dos pais e dos professores.
Nesta
reflexão algumas indagações se tornaram presentes levantando o questionamento
sobre os alunos, como um todo, isto é, não só os seus aspectos cognitivos, mas
também suas ideias, seus interesses e valores. Como avaliar este aluno como um
todo? Como juntar as partes de um processo de avaliação? Como se avaliar os
valores?
Estas
e outras perguntas dentro desta dinâmica tem nos incitados a necessidade de
estudar e repensar sobre os paradigmas que dão qualidade à educação para os
objetivos que nós pretendemos. Mas levando se em conta que o objetivo principal
deste estudo é sem sombra de duvida, alcançar os nossos alunos - a razão de ser
da educação – em seus diversos aspectos tanto social, regional, culturais, cognitivo
e psicológico, pensando que este aluno é um “ser” social, como pessoa humana –
que vive, pensa, participa e interfere na sociedade.
Entre
as mais diversas perguntas que podemos fazer, a primeira refere-se à crença no
sistema tradicional de avaliação como responsável por uma escola competente
(uma visão bastante saudosista da escola exigente, rígida, disciplinadora,
detentora do saber) que, no entanto não encontra respaldo na realidade com a
qual nos deparamos neste momento, além de ser alvo de critica e ojeriza por
parte da maioria dos professores que permeiam as Faculdades de Educação das
Universidades no Brasil afora. Porque não se pode considerar uma escola
competente e de qualidade, quando ela não dá conta sequer do alunado que
recebe, promovendo muitos alunos à categoria de repetentes e evadidos.
Umas
das mais diversas polemicas que se apresentam em relação à perspectiva da
avaliação, diz respeito à questão da melhoria da qualidade da educação. Muitos
fatores dificultam a superação da pratica tradicional, já tão criticada, mas,
dentre muitos, desponta sobremaneira a crença dos educadores de todos os graus
de ensino na manutenção da ação avaliativa classificatória como garantia de um
ensino de qualidade. Apesar de ser quase que unanime a ideia de que a avaliação
é uma pratica indispensável ao processo de ensino-apredizagem, a ação
avaliativa continua sendo um tema polemico. Há uma intensa critica aos
procedimentos e instrumentos de avaliação frequentemente usados na sala de
aula, que muitas das vezes se fazem acompanhar de sinalização de novas
diretrizes ou de novas propostas de ação.
Embora
o método de avaliação que se apresenta seja tão criticado, em um painel
integrado, onde os professores tinham que elaborar suas perguntas sobre os
modelos de avaliação, uma pergunta levantou bastante questionamento: Será que
as escolas existiriam se não tivessem as avaliações? Dentre todas as
discussões, uma me chamou atenção, pois percebemos que de nada valeria a escola
se não houvesse avaliação, seria o fim das broncas e castigos por causa das
notas baixas, o trabalho de decorar muitas matérias seriam eliminados, pois
muitas das vezes os nossos alunos esquecem tais conteúdos no dia seguinte, além
do trabalho inútil de preparar a “cola” reduziria angustias e sofrimentos. Com
certeza não faria a escola mais feliz.
II
– A questão da subjetividade nas tarefas avaliativas.
A
objetividade e a subjetividade geralmente são entendidas referindo-se a “forma
de elaboração” das questões de um teste. Contudo é pela correção justamente que
as questões se caracterizam em “objetivas” e “subjetivas”. Ou seja, elas são
objetivas quando ao aluno se torna possível uma única resposta, diante das
alternativas simples e compostas ou múltiplas. A forma de correção pelo
professor será objetiva, por que não lhe caberá interpretar se está certo ou
errado, mas simplesmente procura por resultado previamente determinado.
Já
no formato subjetivo de questões, este incita o aluno a responder de forma
pessoal, opiniões, considerações, dissertações sobre determinado tema, então o
professore terá de interpretar subjetivamente a resposta para considera-la
certa ou errada.
No
momento em que o professor formula uma questão, seja oralmente ou por escrito,
revela uma intenção pedagógica e uma relação com o educando, o que implica
obrigatoriamente subjetividade. A subjetividade é inerente também á
interpretação da questão pelo aluno.
Iii – Uma pratica mediadora em construção
Aponto
aqui a seguir alguns princípios coerentes a uma ação avaliativa mediadora, a
partir das considerações até aqui desenvolvidas:
· Dar
oportunidades aos discentes em certos momentos de expor as suas ideias;
· Oportunizar
momento de discussão entre os alunos a partir de situações que possam se
desencadear;
· Realizar
tarefas diversas individuais, menores e sucessivas, investigando teoricamente,
procurando entender razões para as respostas apresentadas pelos alunos;
· Ao
invés do certo/errado e da atribuição de pontos, fazer comentários sobre as
tarefas propostas para os alunos, colocando-se a disposição no intuito de
localizar as dificuldades, oferecendo-lhes oportunidade de descobrirem quais
seriam as melhores soluções;
· Transformar
os registros de avaliação em anotações significativas sobre o acompanhamento
dos alunos em seu processo de construção de conhecimento.
A avaliação mediadora buscar a observar ao
aluno em si individualmente, presta atenção no seu momento no processo de
construção do conhecimento. O que exige uma relação direta com ele a partir de
muitas tarefas sejam elas orais ou escritas, interpretando-as (um respeito à
subjetividade), refletindo e investigando teoricamente razões para soluções
apresentadas, em termos de estágios evolutivos do pensamento, da área de
conhecimento em questão, das experiências do senso comum do aluno.
A reflexão sobre valores, por si, seria um
tema de estudo, mas o objetivo principal de sua abordagem é trazer a baila,
mais uma vez, a sua importância no processo pedagógico e, também, para expor
suas dificuldades quando ele é objeto na avaliação.
IV
– O discurso em torno da educação
Ao
discutirmos as questões que se relacionam aos paradigmas da educação, gostaria
de repensar, de inicio, sobre o significado do termo paradigma, uma vez que, no
tópico anterior demos um enfoque aos aspectos valorativos, subjetividade e
objetividade e seus significados.
Paradigma,
em grego significa exemplo, modelo ou padrão. Foi utilizado de modo
sistemático, em ciências, por Thomas S. Kuhn que pretendia sugerir certos
exemplos da pratica cientifica, incluindo leis, teorias, aplicáveis e
instrumentação. Paradigma envolve áreas de problemas, métodos, padrões de
analise e de soluções e conclusões aceitas no grupo acadêmico.
No
paradigma critico da educação vamos encontrar uma analise critico-dialética da
educação. A pedagogia Historico-critica formulada por Saviani, envolve a...
“necessidade de se compreender a Educação no seu desenvolvimento
histórico-objetivo e, por consequência, a possibilidade de se articular um
proposta pedagógica cujo ponto de referencia, cujo compromisso, seja a
transformação da sociedade e não sua manutenção, sua perpetuação.” (Saviani, p.56, 1992).
A
educação no paradigma histórico-critico caracteriza o homem como “um ser
natural com suas peculiaridades, distinto dos demais seres naturais, pelo
seguinte: enquanto os animais em geral, adaptam-se à natureza, e, portanto já
tem garantias, pela própria natureza, suas condições de existência, o homem
precisa adaptar a natureza a si, ajustando-a segundo as suas necessidades... O
que define o suprassumo da realidade humana é o trabalho, pois é através dele
que o homem atua sobre a natureza, ajustando-se as suas necessidades.” (Saviani, p. 96, 1991). Voltando as
dificuldades apresentadas anteriormente no que concerne a avaliação escolar:
qual é proposta de avaliação que responderia a esta concepção? Como está sendo
avaliada a questão do trabalho nas escolas? São perguntas que precisam de
respostas, enquanto são avaliados os processos de avaliação.
Concluindo
este trabalho percebo que toda a dimensão critica em torno da avaliação, da
construção do conhecimento, a questão da afetividade e dos sentimentos, terá
uma importância à questão dos valores, os modelos éticos vigentes nesta
sociedade. Creio piamente que o norte que se deva dar será a valorização do
pensamento e o julgar, o saber e o ser. Creio ainda que estamos trilhando o
caminho em direção á aproximação do discurso com à pratica, por que, em termos
de discurso pedagógico, já estamos quase galgando o desejado, resta, porém para
nós educadores praticar esta teoria, este discurso. E caminhamos sim nesta
direção.
Referências
Bibliográficas.
Saviani, Demerval. Pedagogia: histórico, critica - primeiras
aproximações. São Paulo: Cortez, 1991.
Hoffmann, Jussara. Avaliação mediadora: uma pratica em
construção da pré-escola à universidade. Porto Alegre: mediação, 2009.
Grispun, Maria P. S. Zippin, Ensaio: Avaliação, Políticas Publicas Educacional,
Rio de Janeir
[1] Graduando em Pedagogia pela Universidade Federal
do Pará –UFPA - Campus Marajó – Breves.
Ensaio apresentado durante
a ministração da Disciplina Avaliação Educacional, ministrada pelo Prof. Msc.
João Paulo Alves.
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