segunda-feira, 22 de julho de 2013

Paradigmas da educação: avaliação em construção da objetividade a subjetividade.



Paradigmas da educação: avaliação em construção da objetividade a subjetividade.

Manoel Justino de Jesus Júnior[1]



I - Introdução.
Muito se discutiu na nossa turma de Licenciatura em Pedagogia, sobre as avaliações e suas metodologias aplicadas nas escolas de educação infantil e ensino fundamental menor, escolas na qual os alunos do curso de pedagogia do Parfor – Ufpa exerce o seu magistério e cujas vivencias foram socializadas, durante a ministração da Disciplina Avaliação Educacional. Muitos foram os relatos dos professores no que concerne à avaliação dos seus alunos, sendo ela uma avaliação objetiva ou subjetiva, e as expectativas que são presenciadas tanto por parte dos alunos quanto por parte dos pais e dos professores.
Nesta reflexão algumas indagações se tornaram presentes levantando o questionamento sobre os alunos, como um todo, isto é, não só os seus aspectos cognitivos, mas também suas ideias, seus interesses e valores. Como avaliar este aluno como um todo? Como juntar as partes de um processo de avaliação? Como se avaliar os valores?
Estas e outras perguntas dentro desta dinâmica tem nos incitados a necessidade de estudar e repensar sobre os paradigmas que dão qualidade à educação para os objetivos que nós pretendemos. Mas levando se em conta que o objetivo principal deste estudo é sem sombra de duvida, alcançar os nossos alunos - a razão de ser da educação – em seus diversos aspectos tanto social, regional, culturais, cognitivo e psicológico, pensando que este aluno é um “ser” social, como pessoa humana – que vive, pensa, participa e interfere na sociedade.
Entre as mais diversas perguntas que podemos fazer, a primeira refere-se à crença no sistema tradicional de avaliação como responsável por uma escola competente (uma visão bastante saudosista da escola exigente, rígida, disciplinadora, detentora do saber) que, no entanto não encontra respaldo na realidade com a qual nos deparamos neste momento, além de ser alvo de critica e ojeriza por parte da maioria dos professores que permeiam as Faculdades de Educação das Universidades no Brasil afora. Porque não se pode considerar uma escola competente e de qualidade, quando ela não dá conta sequer do alunado que recebe, promovendo muitos alunos à categoria de repetentes e evadidos.
Umas das mais diversas polemicas que se apresentam em relação à perspectiva da avaliação, diz respeito à questão da melhoria da qualidade da educação. Muitos fatores dificultam a superação da pratica tradicional, já tão criticada, mas, dentre muitos, desponta sobremaneira a crença dos educadores de todos os graus de ensino na manutenção da ação avaliativa classificatória como garantia de um ensino de qualidade. Apesar de ser quase que unanime a ideia de que a avaliação é uma pratica indispensável ao processo de ensino-apredizagem, a ação avaliativa continua sendo um tema polemico. Há uma intensa critica aos procedimentos e instrumentos de avaliação frequentemente usados na sala de aula, que muitas das vezes se fazem acompanhar de sinalização de novas diretrizes ou de novas propostas de ação.
Embora o método de avaliação que se apresenta seja tão criticado, em um painel integrado, onde os professores tinham que elaborar suas perguntas sobre os modelos de avaliação, uma pergunta levantou bastante questionamento: Será que as escolas existiriam se não tivessem as avaliações? Dentre todas as discussões, uma me chamou atenção, pois percebemos que de nada valeria a escola se não houvesse avaliação, seria o fim das broncas e castigos por causa das notas baixas, o trabalho de decorar muitas matérias seriam eliminados, pois muitas das vezes os nossos alunos esquecem tais conteúdos no dia seguinte, além do trabalho inútil de preparar a “cola” reduziria angustias e sofrimentos. Com certeza não faria a escola mais feliz.

II – A questão da subjetividade nas tarefas avaliativas.
A objetividade e a subjetividade geralmente são entendidas referindo-se a “forma de elaboração” das questões de um teste. Contudo é pela correção justamente que as questões se caracterizam em “objetivas” e “subjetivas”. Ou seja, elas são objetivas quando ao aluno se torna possível uma única resposta, diante das alternativas simples e compostas ou múltiplas. A forma de correção pelo professor será objetiva, por que não lhe caberá interpretar se está certo ou errado, mas simplesmente procura por resultado previamente determinado.
Já no formato subjetivo de questões, este incita o aluno a responder de forma pessoal, opiniões, considerações, dissertações sobre determinado tema, então o professore terá de interpretar subjetivamente a resposta para considera-la certa ou errada.
No momento em que o professor formula uma questão, seja oralmente ou por escrito, revela uma intenção pedagógica e uma relação com o educando, o que implica obrigatoriamente subjetividade. A subjetividade é inerente também á interpretação da questão pelo aluno.
IiiUma pratica mediadora em construção
Aponto aqui a seguir alguns princípios coerentes a uma ação avaliativa mediadora, a partir das considerações até aqui desenvolvidas:
·  Dar oportunidades aos discentes em certos momentos de expor as suas ideias;
·  Oportunizar momento de discussão entre os alunos a partir de situações que possam se desencadear;
·  Realizar tarefas diversas individuais, menores e sucessivas, investigando teoricamente, procurando entender razões para as respostas apresentadas pelos alunos;
·  Ao invés do certo/errado e da atribuição de pontos, fazer comentários sobre as tarefas propostas para os alunos, colocando-se a disposição no intuito de localizar as dificuldades, oferecendo-lhes oportunidade de descobrirem quais seriam as melhores soluções;
·  Transformar os registros de avaliação em anotações significativas sobre o acompanhamento dos alunos em seu processo de construção de conhecimento.
 A avaliação mediadora buscar a observar ao aluno em si individualmente, presta atenção no seu momento no processo de construção do conhecimento. O que exige uma relação direta com ele a partir de muitas tarefas sejam elas orais ou escritas, interpretando-as (um respeito à subjetividade), refletindo e investigando teoricamente razões para soluções apresentadas, em termos de estágios evolutivos do pensamento, da área de conhecimento em questão, das experiências do senso comum do aluno.
 A reflexão sobre valores, por si, seria um tema de estudo, mas o objetivo principal de sua abordagem é trazer a baila, mais uma vez, a sua importância no processo pedagógico e, também, para expor suas dificuldades quando ele é objeto na avaliação.
IV – O discurso em torno da educação
Ao discutirmos as questões que se relacionam aos paradigmas da educação, gostaria de repensar, de inicio, sobre o significado do termo paradigma, uma vez que, no tópico anterior demos um enfoque aos aspectos valorativos, subjetividade e objetividade e seus significados.
Paradigma, em grego significa exemplo, modelo ou padrão. Foi utilizado de modo sistemático, em ciências, por Thomas S. Kuhn que pretendia sugerir certos exemplos da pratica cientifica, incluindo leis, teorias, aplicáveis e instrumentação. Paradigma envolve áreas de problemas, métodos, padrões de analise e de soluções e conclusões aceitas no grupo acadêmico.
No paradigma critico da educação vamos encontrar uma analise critico-dialética da educação. A pedagogia Historico-critica formulada por Saviani, envolve a... “necessidade de se compreender a Educação no seu desenvolvimento histórico-objetivo e, por consequência, a possibilidade de se articular um proposta pedagógica cujo ponto de referencia, cujo compromisso, seja a transformação da sociedade e não sua manutenção, sua perpetuação.” (Saviani, p.56, 1992).
A educação no paradigma histórico-critico caracteriza o homem como “um ser natural com suas peculiaridades, distinto dos demais seres naturais, pelo seguinte: enquanto os animais em geral, adaptam-se à natureza, e, portanto já tem garantias, pela própria natureza, suas condições de existência, o homem precisa adaptar a natureza a si, ajustando-a segundo as suas necessidades... O que define o suprassumo da realidade humana é o trabalho, pois é através dele que o homem atua sobre a natureza, ajustando-se as suas necessidades.” (Saviani, p. 96, 1991). Voltando as dificuldades apresentadas anteriormente no que concerne a avaliação escolar: qual é proposta de avaliação que responderia a esta concepção? Como está sendo avaliada a questão do trabalho nas escolas? São perguntas que precisam de respostas, enquanto são avaliados os processos de avaliação.
Concluindo este trabalho percebo que toda a dimensão critica em torno da avaliação, da construção do conhecimento, a questão da afetividade e dos sentimentos, terá uma importância à questão dos valores, os modelos éticos vigentes nesta sociedade. Creio piamente que o norte que se deva dar será a valorização do pensamento e o julgar, o saber e o ser. Creio ainda que estamos trilhando o caminho em direção á aproximação do discurso com à pratica, por que, em termos de discurso pedagógico, já estamos quase galgando o desejado, resta, porém para nós educadores praticar esta teoria, este discurso. E caminhamos sim nesta direção.


Referências Bibliográficas.
Saviani, Demerval. Pedagogia: histórico, critica - primeiras aproximações. São Paulo: Cortez, 1991.
Hoffmann, Jussara. Avaliação mediadora: uma pratica em construção da pré-escola à universidade. Porto Alegre: mediação, 2009.
Grispun, Maria P. S. Zippin, Ensaio: Avaliação, Políticas Publicas Educacional, Rio de Janeir


[1]  Graduando em Pedagogia pela Universidade Federal do Pará –UFPA - Campus Marajó – Breves.
Ensaio apresentado durante a ministração da Disciplina Avaliação Educacional, ministrada pelo Prof. Msc. João Paulo Alves.

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