Trecho copiado do blog do Sr Raimundo Dias Pereira.
em www.rdiaspp.blogspot.com.br
Alguns
dos meus conterrâneos não devem lembrar, mas ali no ponto certo, além da
serraria que não existe mais, tinha a Olaria do seu Joaquim Mariano,
provavelmente não se tem nem foto daquelas instalações. Além do
parentesco dos proprietários, naquela época, os funcionários eram muito
unidos e constantemente jogavam bola na moinha, que era um campinho
feito com serragem que vinha da serraria. Aquela “pelada” era bastante
concorrida e alí jogaram alguns meninos que tinham intimidade com a
bola, como o Marciano e Zé Tabaco, filhos do Sr.Luiz Tabaco, dentre outros.
O
terreno da Olaria começava depois da Casa Prosperidade, que era do seu
Chico Goiaba e depois passou para o seu Nemorino. Tinha a barbearia do
Altino e vinha uma parede de madeira da Olaria do seu Joaquim Mariano.
Meu Pai e meu Irmão Maximino trabalharam lá.
Eu era
garoto e frequentemente ia buscar meu Pai que fazia "cerão". Quando ia ao
Itaguarí, era assim que chamávamos Ponta de Pedras, sempre ia na Olaria.
Eu gostava de ver o ambiente daquela turma trabalhando, ganhavam pouco
e dinheiro era difícil de ver, só vale, que seu Joaquim dava pra ser
aviado no seu Chico Goiaba. Eu observava que, aquele pessoal era feliz.
Ainda lembro como se tratavam e as funções que exerciam por ali:
a) Vadico
(apelidado de Bararu) – Era meu Pai, trabalhava no amassador de barro. O
barro era amassado e podia ser feito tijolos ali mesmo ou preparado
para fazer telhas. Nas horas de folga meu Pai tocava viola nos cordões
que saiam na quadra junina;
b) Miguel
do Binga, Raimundo Simplício e Nelito, faziam telhas com uma habilidade
incrível e arrumavam nas prateleiras para secar. Nas horas de folga o
Miguel do Binga era vaqueiro de Boi na quadra junina e o Raimundo
Simplício cortava cabelo, depois inaugurou uma barbearia ali em frente
ao mercado novo. Aquele mercado foi construído onde era a casa da dona
Tapuia, mãe do Custódio e da Adelina. O Nelito passou a trabalhar na
SUCAM e recentemente, o encontrei na embarcação que faz o transporte de
cargas e passageiros para Ponta de Pedras. Ainda tinha o Cuiú, que
trabalhou um tempo fazendo telhas, depois passou para o transporte de
barro dos barreiros.
c) BELO
– Trabalhava com meu Pai no amasador. Num carrinho de mão, feito de
madeira, inclusive as rodas, carregava o barro para abastecer os oleiros
que faziam as telhas ou levava os tijolos para secarem nas prateleiras;
d) PAQUETÃO
– era o forneiro, responsável pelo perfeito contrôle da temperatura
para o bom cozimento das telhas e tijolos. Era comum ir várias vezes
botar lenha no forno mesmo que estivesse num ajuntamento.Vi o Paquetão
jogando de centrefour, hoje controavante, num campo que existia onde
fica a catedral, naquele campo, asisti inúmeras partidas dos times
pontapedrenses, alí o Paquetão fez bonito com a bola nos pés;
e) Maximino
– Era quem ia buscar o barro nos barreiros, para isso, usava os
batelões da Olaria. Ia e voltava gingando com remo de faia. Na volta,
tinha que chegar com a maré cheia para que o batelo entrasse numa baixa
(riacho) que existia ao lado da Olaria para descarregar, hoje o riacho
já foi aterrado. O Maximino fazia essa faína sozinho, às vezes, levava
um ajudante, eu ainda fui quando estava de férias por aí. Nas horas de
folga meu irmão gostava de ser amo de cordões e modéstia à parte, era um
dos melhores.
Para
completar, falta o nome da pessoa que fornecia a lenha para manter o
forno aceso, como não era funcionário da Olaria, não tenho lembrança,
contudo, um cidadão que tinha uma deficiência na mão, conhecido como
Jereba, geralmente descarregava lenha por alí.
Quando
estive em Ponta de Pedras pela última vez fui tomar um banho no Ponta
Certo e passando pelo antigo campinho de moinha,notei que tudo foi
invadido e hoje talvez não seja possível manobrar um carro pequeno
naquele espaço. Ao subir na ponte a primeira recomendação que recebi era
para ter cuidado com a poluição, pois, existia um esgoto sanitário
despejando dejetos ali junto ao ex-campo, na beira do Rio. Não
confirmei, mas posso afirmar que, aquelas casas que foram construídas no
lugar da Olaria, algumas devem jogar esgoto sanitário no Rio porque
pode-se visualizar o cano se olharmos daquela rampa que fica ali perto. É
uma lástima.
É uma
pena que a Olaria tenha terminado assim,que em seu lugar, construiram
uma vila sem nenhum projeto que pudesse tornar a frente da cidade mais
bonita.Aquele terreno certamente está incluído nos terrenos de marinha e
a Prefeitura poderia ter dado outra destinação para aquele espaço, uma
praça, um local para formar mão-de-obra, um órgão da Prefeitura, uma
obra que pudesse ser apreciado pelos que chegam na cidade. Aquele visual
poderia ser melhor.
Ainda
resta o terreno da Serraria que poderá ser adquirido pela Prefeitura e
destinado a algum projeto que venha beneficiar o povo. Constata-se que
Ponta de Pedras é carente desses espaços, pois, os que existiam foram
ocupados em outras administrações.
Ponta de Pedras precisa crescer, o povo precisa de projetos que possa gerar rendas, mas para isso, é preciso pensar em investimentos, principalmente em obras que, de alguma forma, beneficie a população.
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